domingo, 10 de novembro de 2013

Romantismo em Portugal - Diego Sanches Silva/Erica Rohrer Nacfur Francé

Acadêmicos: Diego Sanches Silva/Erica Rohrer Nacfur Francé

Romantismo em Portugal

As novas ideologias políticas, econômicas e sociais, vieram intervir na sociedade do século XIII. A influência das revoluções francesa e industrial e do pensamento liberal se deu em todos os campos, e a própria literatura mostra essas influências. A liberdade sobrepuja as regras, a razão predomina sobre a emoção. O romantismo instaura-se um novo modo de expressão em toda a Europa e, consequentemente em Portugal.
O Romantismo, designa uma tendência geral da vida e da arte, um certo momento delimitado. O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude emotiva, subjetiva, diante das coisas. Afinal, o pensamento romântico vai muito além do que podemos ver; procura desvendar o que estamos sentindo. O Romantismo não conta, faz de conta, idealiza um universo melhor, defendendo a ideia da expressão do eu-lírico, onde prevalece o tom melancólico, falando de solidão e nostalgia.
Enfim, o ideal romântico, tenta colocar o universo que presenciamos, de forma subjetiva, sendo que a expressão do sentimentalismo não precisa obedecer a nenhuma regra, antes adorada pelos clássicos.

   ü   Introdução do Romantismo em Portugal

O advento do Romantismo em Portugal, vem apenas confirmar a diluição do Arcadismo.
Portugal, é reflexo dos dois acontecimentos que marcaram e mudaram a face da Europa na segunda metade do século XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, responsáveis pela abolição da monarquias aristocratas e pela introdução da burguesia que então, dominara a vida política, econômica e social da época. A luta pelo trono em Portugal, se dá com veemência, gerando conturbação e desordem interna na nação.
Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês, envolve-se com o teatro de William Shakespeare.
Em 1825, Garrett publica a narrativa Camões, inspirando-se na epopeia Os Lusíadas. A narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Camões.
Este poema é considerado introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar características que viriam se firmar no espírito romântico: versos decassílabos brancos, vocabulário, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros literários.
Pintura do Romantismo Português
Zé Povinho - Pintura de Rafael Bordalo Pinheiro, Artista do Romantismo em Portugal

   ü   Características

O Romantismo foi encarado como uma nova maneira de se expressar, enfrentar os problemas da vida e do pensamento.
Esta escola, repudiava os clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total liberdade de criação, além de defender a "impureza" dos gêneros literários. Com o domínio burguês, ocorre a profissionalização do escritor, que recebe uma remuneração para produzir a obra, enquanto o público paga para consumi-la.
O escritor romântico projetava-se para dentro de si, tendo como fonte o eu-lírico, do qual fluía um diverso conteúdo sentimentalista e, muitas vezes, melancólico da vida, do amor e, às vezes, exageradamente, da própria morte. A introversão era característica essencialmente romântica.
A natureza, assim como a mulher são importantes pontos desse momento. O homem, idealizava a mulher como uma deusa, coisa divina e, com isso, retornava ao passado, no trovadorismo, onde as "madames" eram tão sonhadas e desejadas, mesmo que fossem inatingíveis.
Ao procurar a mulher de seus sonhos e, então, frustrar-se por não encontrá-la ou, muitas vezes, por encontrá-la e perdê-la, o romântico entrava em constante devaneio. Para amenizar a situação, ao escrever despojava todos os seus anseios, procurando fugir da realidade, usando do escapismo, onde, não raramente, tinha a natureza como confidente. Outra forma de escapismo utilizada, era o escapismo pela obscuridade, onde buscavam o bem-estar nos ambientes fúnebres e obscuros.
Essas frustrações tidas por amores ou simples desilusões com a vida, provocaram muitos suicídios. Daí a grande frequência dos temas de morte nos poemas românticos, o que caracteriza o mal-do-século.
Pintura do romantismo português
Retrato de senhora vestida de preto - António Ramalho

   ü   O primeiro momento do Romantismo

Como toda tendência nova, o Romantismo não veio implantar-se totalmente nos primeiros momentos em Portugal. Inicialmente, buscava-se gradativamente, apagar os modelos clássicos que ainda permeavam o meio socioeconômico. Os escritores dessa época, eram românticos em espírito, ideal e ação política e literária, mas ainda clássicos em muitos aspectos.

Ø  Almeida Garrett

Almeida Garrett, cultivou a oratória parlamentar, o pensamento pedagógico e doutrinário, o jornalismo, a poesia, a prosa de ficção e o teatro, o qual entrou em contato com o de Shakespeare quando em exílio na Inglaterra. Teve uma vida sentimental bastante atribulada em que se sobressai o seu romance adúltero com a viscondessa da Luz, a qual inspirou seus melhores poemas.
Na poesia, assimilou os moldes clássicos e morreu sem tornar-se romântico autêntico, pois carecia do egocentrismo tão almejado pelos românticos, deixando sua fantasia no teatro e na prosa de ficção. Escreveu Camões (1825), Dona Branca (1826), Folhas Caídas (1853), Viagens na minha terra (1846), dentre outras.

Ø  Alexandre Herculano

Herculano, exilou-se na Inglaterra e na França, criando polêmica com o clero, por participar da lutas liberais. Junto com Garrett, foi um intelectual que atuou bastante nos programas de reformas da vida portuguesa.
Na ficção de Alexandre Herculano, prevalece o caráter histórico dos enredos, voltados para a Idade Média, enfocando as origens de Portugal como nação. Além disso, ocorrem muitos temas de caráter religioso. Quanto à sua obra não ficcional, os críticos consideram que renovou a historiografia, uma vez que se baseia não mais em ações individuais, mas no conflito de classes sociais para explicar a dinâmica da história.
Sua obras principais são: A harpa do crente (1838), Eurico, o presbítero (1844), dentre outras.

Ø  Castilho

Castilho, tem como principal papel traduzir poetas clássicos. Sua passagem pelo Romantismo é discreta, mesmo que tenha sido o provocador da Questão Coimbrã.
A história de Castilho é a dum grande mal-entendido: graças à cegueira, que lhe dava um falso brilho de gênio à Milton, mais do que à sua poesia, alcançou injustamente ser venerado como mestre pelos românticos menores. Não obstante válida historicamente, sua poesia caiu em compreensível esquecimento.

   ü   O segundo momento do Romantismo

Neste momento, desfazem-se os enlaces arcádicos que ainda envolviam os escritores da época. Aqui, notamos com plena facilidade o domínio da estética e da ideologia romântica. Os escritores tomam atitudes extremas, transformando-se em românticos descabelados, caindo fatalmente no exagero, tendenciando temas soturnos e fúnebres, tudo expresso numa linguagem fácil e comunicativa.

Ø  Soares de Passos

Soares de Passos constitui a encarnação perfeita do "mal-do-século". Vivendo na própria carne os devaneios de que se nutria a fértil imaginação de tuberculoso, sua vida e sua obra espelham claramente o prazer romântico do escapismo das responsabilidades sociais da época, acabando por cair em extremo pessimismo, um incrível desalento derrotista
Obra: Poesias (1855)

Ø  Camilo Castelo Branco

Casou-se com uma jovem de 15 anos, a quem abandonou com uma filha; em seguida raptou outra moça, sua prima, e com ela passou a viver. Acusado de bigamia, foi preso. Sua primeira esposa morreu e, logo em seguida, a filha. Abandonou a prima e viveu amores passageiros com outra jovem e com uma freira. Uma crise religiosa levou-o a ingressar num seminário, do qual desistiu.
Conheceu Ana Plácido, senhora casada que seria o grande amor de sua vida. Ocorre sua primeira tentativa de suicidar-se, diante da impossibilidade de viver com ela. Mas, finalmente passaram a viver juntos o que lhes custou um processo por adultério. Ambos foram presos. Na prisão, Camilo escreveu Amor de Perdição. Absolvidos e morto o marido de Ana, se casaram. Alguns anos depois da morte de Ana, Camilo, vencido pela cegueira, acaba por suicidar-se.
Suas obras principais: Amor de salvação (1864), A queda dum anjo (1866), dentre outras.

   ü   O terceiro Momento do Romantismo

Acontece aqui, um tardio florescimento literário que corresponde ao terceiro momento do Romantismo, em fusão dos remanescentes do Ultra-Romantismo. Esse período é marcado pela presença de poetas, como João de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de Novais, Pinheiro Chagas e Júlio Dinis, que purificam até o extremo as características românticas.
Tomás Ribeiro mistura a influência de Castilho e de Victor Hugo, o que explica o caráter entre passadista e progressista da sua poesia.
Bulhão Pato começa ultra-romântico e evolui, através duma sátira às vezes cortante, para atitudes realistas e parnasianas.
Faustino Xavier de Novais dirigiu uma folha literária. Satirizou o Ultra-Romantismo.
Manuel Pinheiro Chagas cultivou a poesia de Castilho, que motivou a Questão Coimbrã; a historiografia e a crítica literária.

Ø  João de Deus

João de Deus foi apenas poesia. Lírico de incomum vibração interior, pôs-se à margem da falsa notoriedade e dos ruídos da vida literária e manteve-se fiel até o fim a um desígnio estético e humano que lhe transcendia a vontade e a vaidade. Contemplativo por excelência, sua poesia é a dum "exilado" na terra a mirar coisas vagas e por vezes a se deixar estimular concretamente.

Ø  Júlio Dinis

Os poemas de Júlio Dinis armam-se sobre uma tese moral e teleológica, na medida em que pressupõem uma melhoria, embora remota, para a espécie humana, frontalmente contrária à desesperação e ao amoralismo cético dos ultra-românticos, numa linguagem coerente, lírica e de imediata comunicabilidade. Conduz suas histórias, sempre a um epílogo feliz, não considerando a heroína como "mulher demônio", mas sim como "mulher anjo".
Sua principal obra: As pupilas do senhor reitor

Conclusão

Compreendemos que o Romantismo, não passou de uma forma de repudiar as regras que contornavam e preenchiam o campo literário da época que, juntamente com a ideologia vigente, traziam um enorme descontentamento. Este momento em que a literatura presenciava, talvez fosse, o marco principal para a definitiva liberdade de expressão do pensamento, que viria se firma, tardiamente com o Modernismo.















ANALISE LITERARIA
A BARCA BELA (ALMEIDA GARRETT)
Pescador da barca bela,      
Onde vais pescar com ela.  
Que é tão bela,        
Oh pescador?          

Não vês que a última estrela          
No céu nublado se vela?    
Colhe a vela,           
Oh pescador!          

Deita o lanço com cautela, 
Que a sereia canta bela...    
Mas cautela,
Oh pescador!          

Não se enrede a rede nela, 
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la, 
Oh pescador.          

Pescador da barca bela,      
Inda é tempo, foge dela,    
Foge dela    
Oh pescador!          


Analise da obra     

O poema barca bela é composto de cinco estrofes, ele demonstra desejo, concepção da beleza, com uma linguagem mais simples e popular, os versos melodiosos, os sentimentos mais espontâneos. É um poema que fala de si próprio, refere-se a ele mesmo, há uma metalinguagem, que traz em seu contexto o romantismo. Na primeira estrofe o poeta monta seu cenário e inicia sua conversa com seu interlocutor. O eu-lírico dirige-se ao pescador, ou seja, o poeta fala consigo mesmo. Na segunda estrofe o poeta cria um ambiente para sua encenação estabelecendo a escuridão do céu nublado no qual a última estrela se esconde. A escuridão da noite é típica do romantismo, ocorrendo o desenrolar dos sonhos, uma imaginação sem limite. Ao pescador, que antes navegava com uma direção estabelecida, guiada pela vela, o eu-lírico recomenda que colha a vela ficando, portanto, à deriva. Bastante triste com a realidade ao seu redor, em conflito com a sociedade e dilacerado pelos seus dilemas íntimos, o romântico procura fugir no espaço , no tempo, no sonho e no fantástico. Na terceira estrofe quando introduz a imagem do canto da sereia. O poeta romântico busca a ascensão da voz misteriosa da sereia, que é a própria poesia. Na quarta estrofe o poeta explica porque o pescador deve ter cuidado ao se aproximar da sereia. Por um deslize ou descuido, o pescador poderia embaraçar sua rede nela, e estaria acabado. Na quinta e última estrofe o poeta parece querer impedir o pescador/poeta de deixar-se levar pelo encantamento da sereia, mas essa tentativa parece vazia. A repetição da ordem “foge dela, /Foge dela” cria uma ordem que não deve ser cumprida, sua repetição deixa clara a negação da ordem. A vontade de se render e se entregar, apesar dos riscos, sobrepõem-se ao medo da perdição.


ESTE INFERNO DE AMAR (ALMEIDA GARRETT)
Este inferno de amar - como eu amo!        
Quem mo pôs aqui na alma...quem foi?     
Esta chama que alenta e consome, 
que é a vida - e que a vida destrói 
Como é que se veio atear,  
Quando - ai quando se há-de ela apagar?  

Eu não sei, não me lembra; o passado,      
A outra vida que dantes vivi          
Era um sonho talvez...-foi um sonho         
Em que paz tão serena dormi!        
Oh! Que doce era aquele sonhar    
...quem me veio, ai de mim! Despertar?    

Só me lembra que um dia formoso
eu passei... dava o Sol tanta luz!    
E os meus olhos, que vagos airavam,         
em seus olhos ardentes os pus,       
que fez ela? Eu que fiz? Não no sei,mas nessa hora a viver comecei...    


Análise da obra     


É composto de três estrofes de seis versos,chamado de sextilhas.Um poema marcado por sentimentos românticos:desejo,remorso,sofrimento,saudade,cultuando as razões do coração do coraçaõ,uma vida tragica,frustação amorosa,melancolia e solidão. Ele foi escrito em primeira pessoa,onde o “eu” mostra-se de uma forma disinibida e sincera,um “eu” torturado pela descoberta de que amar é um inferno,deixa claro a sua desilução amorosa,uma contradição,criando oposições para definir seu inferno: Chama que alenta e consome Atiar/apagar Sonhar/despertar. A pessoa ou objeto desse amor tão ardente que preocupa e atormenta: ”Que faz ela?”.Tudo gira em torno de si mesmo,ao redor do seu “eu lirico”.

EURICO, O PRESBITERO (ALEXANDRE HERCULANO)
No tempo em que a Península Ibérica foi invadida pelos mouros, ano 711 a.C., um presbítero godo, chamado Eurico, era muito prestigiado pelas canções e pelos poemas que escrevia. Eurico, que abraçara o sacerdócio sem ter vocação para tal, era diretamente inspirado pelo amor que ainda nutria por Hermengarda, cujo pai impedira o casamento dos namorados.      
Eurico entra para o convento no ano da avassalante invasão árabe. Quando a luta entre árabes e visigodos se torna acirrada, Eurico abandona o hábito e pega em armas para defender as terras da Espanha. Ele se transforma no Cavaleiro Negro e os seus feitos passam a correr de boca em boca.         
Enquanto Pelágio prepara a defesa das Astúrias, sua irmã Hemengarda é raptada. É o próprio Eurico quem salvará sua amada, disfarçado de Cavaleiro Negro. Consegue fazê-la escapar da mão dos sarracenos e a leva para a Gruta de Covadonga, onde renasce o antigo amor, que agora esbarrou com um obstáculo intransponível: o juramento do sacerdote Eurico, que deve manter o celibato clerical.
Os amantes resolvem separar-se. O cavaleiro se lança em sucessivas investidas contra os árabes, em atitude suicida, que o leva à morte. Hermengarda, inconformada com a perda, enlouquece.     
Alguns trechos do romance os lances românticos e trágicos do amor impossível, da luta entre árabes e visigodos.    
(...)
Em frente da tosca ponte de pedras brutas lançadas sobre o rio, uma senda estreita e tortuosa atravessava a selva e, passando pela clareira, continuava por meio dos outeiros vizinhos, dirigindo-se, nas suas mil voltas, para as bandas da Galécia. Quatro cavaleiros, a pé e em fio, caminhavam por aquele apertado carreiro. Pelos trajos e armas, conhecia-se que eram três cristãos e um sarraceno. Chegados à clareira, este parou de repente e, voltando-se com aspecto carregando para um dos três, disse-lhe:        
_ Nazareno, ofereceste-nos a salvação, se te seguíssemos: fiamo-nos em ti, porque não precisavas de trair-nos. Estávamos nas mãos dos soldados de Pelágio, e foi a um aceno teu que eles cessaram de perseguir-nos. Porém o silêncio tenaz que tens guardado gera em mim graves suspeitas. Quem és tu? Cumpre que sejas sincero, como nós. Sabes que tens diante de ti Muguite, o Amir da cavalaria árabe, Juliano, o conde de Septum, e Opas, o bispo de Hispalis.        
_ Sabia-o _ respondeu o cavaleiro: _ por isso vos trouxe aqui. Queres saber quem sou? Um soldado e um sacerdote de Cristo!
_Aqui!?... _ atalhou o Amir, levando a mão ao punho da espada e lançando os olhos em roda. _ Para que fim? 
_ A ti, que não eras nosso irmão pelo berço; que tens combatido lealmente conosco, inimigos da tua fé; a ti, que nos oprimes, porque nos venceste com esforço e à luz do dia, foi para te ensinar um caminho que te conduza em salvo às tendas dos teus soldados. É por ali!... A estes, que venderam a terra da pátria, que cuspiram no altar do seu Deus, sem ousarem francamente renegá-lo, que ganharam nas trevas a vitória maldita da sua perfídia, é para lhes ensinar o caminho do inferno... Ide, miseráveis, segui-o!
E quase a um tempo dois pesados golpes de franquisque assinalaram profundamente os elmos de Opas e Juliano. No mesmo momento mais três reluziram.
Um contra três! _ Era um combate calado e temeroso. O cavaleiro da cruz parecia desprezar Muguite: os seus golpes retiniam só nas armaduras dos dois godos. Primeiro o velho Opas, depois Juliano caíram.        
Então, recuando, o guerreiro cristão exclamou:    
_ Meu Deus! Meu Deus! _ Possa o sangue do mártir remir o crime do presbítero!
E, largando o fraquisque levou as mãos ao capacete de bronze e arrojou-o para longe de si.
Muguite, cego de cólera, vibrara a espada: o crânio do seu adversário rangeu, e um jorro de sangue salpicou as faces do sarraceno.         
Como tomba o abeto solitário da encosta ao passar do furacão, assim o guerreiro misterioso do Críssus caía para não mais se erguer!...  
Nessa noite, quando Pelágio voltou à caverna, Hemengarda, deitada sobre o seu leito, parecia dormir. Cansado do combate e vendo-a tranqüila, o mancebo adormeceu, também, perto dela, sobre o duro pavimento da gruta. Ao romper da manhã, acordou ao som de cântico suavíssimo. Era sua irmã que cantava um dos hinos sagrados que muitas vezes ele ouvira entoar na catedral de Tárraco. Dizia-se que seu autor fora um presbítero da diocese de Híspalis, chamado Eurico.         
Quando Hermengarda acabou de cantar, ficou um momento pensando. Depois, repentinamente, soltou uma destas risadas que fazem eriçar os cabelos, tão tristes, soturnas e dolorosa são elas: tão completamente exprimem irremediável alienação de espírito.
A desgraçada tinha, de feito, enlouquecido.         


Análise da obra       


A obra de Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano faz intertextualidade com a Bíblia, Romeu e Julieta e com a guerra dos visigodos e árabes na Península Ibérica no século VIII.       
Estes poemas, em que palpitava a indignação e a dor de um ânimo generoso, eram o Gethsemani do poeta. (p. 28)         
Não eram assim os godos do oeste quando, ora arrastado por terras as águias romanas, ora segurando com seu braço de ferro o império que desabava, imperavam na Itália, nas Gálias e nas Espanhas, moderadores e árbitros entre o Setentrião e o Meio-dia.
Não eram assim, quando o velho Teodorico, semelhante ao urso feroz da montanha, combatia nos campos cataláunicos. (p. 32)


HINO À RAZÃO (ANTERO DE QUENTAL)

Razão, irmã do Amor e da justiça, 
Mais uma vez escuta a minha prece.          
È a voz dum coração que te apetece,         
Duma alma livre, só a ti submissa. 

Por ti é que a poeira movediça       
De astros e sóis e mundos permanece;       
E é por ti que a virtude prevalece; 
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações  
Buscam a liberdade, entre clarões; 
E os que olham o futuro e cismam, mudos,           

Por ti, podem sofrer e não se abatem,        
Mãe de filhos robustos, que combatem     
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!          


PEQUENA INTERPRETAÇÃO QUE ABORDE O INTERTEXTO   


O sujeito poético, em prece, se dirige a razão (sujeito anafórico Por ti) para:      

1. Compreender a existência e funcionamento do universo         
“Por ti é que a poeira movediça     
De astros e sóis e mundos permanece”      

2. Virtude e heroísmo só com o uso da razão        
“E é por ti que a virtude prevalece;
E a flor do heroísmo medra e viça.”          

3. Nações perseguidas, em meio a lutas, alcançaram a sua liberdade combatendo a tirania e a opressão        
“Por ti, na arena trágica, as nações 
Buscam a liberdade, entre clarões”

4. Em nome da razão, as lutas do presente não podem permitir que se desvaneça a sua esperança em relação ao futuro     
“Por ti, podem sofrer e não se abatem,      
Mãe de filhos robustos, que combatem”   


5. Por meio dos versículos 13 e 14 termina a exaltação por meio do apóstrofe mãe (a razão) de filhos robustos (todo o que combate em nome da razão)
“Mãe de filhos robustos, que combatem”...          

A abordagem do tema busca evoca a intertextualidade na particular influência do filósofo alemão Hegel que, segundo seus estudos, “todo conhecimento é conhecimento humano, e este não é concebido sem o uso da razão”
Referencia : 

6 comentários:

  1. A minha escola literária favorita! André Luiz, 3932062314.

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  2. O Romantismo em Portugal surgiu no século XIX. Nas artes plásticas o Romantismo é normalmente encarado como um movimento oposto ao Neoclassicismo, por ser uma reação à excessiva racionalidade clássica, negando os princípios de harmonia, ordem e proporção. - Sandra Vasconcelos - RA 3909717353

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  3. O Romantismo é a arte de sonhar, era uma nova forma de se expressar no seculo XIII. Eu gosto muito porque o romantismo não é só um movimento artistico, mas tabém político e filosófico. - Karina M. Morales Santana 3923796498

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  4. Amo o romantismo, é a minha escola da literatura favorita!! Jackeline Silva RA 3962896331

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  5. ROMANTISMO Regiany Ribeiro Felix RA, 3900646344. Romantismo expressa subjetividade dos sentimentos, intensividade no que se apresenta. Muito bom o trabalho, repleto de informaçoes sobre essa classe literaria. Esse trabalho esta puro amor. Nessa epoca a liberdade expressao do pensamento estava mais presente, e essa liberdade se firmaria mais ainda no Modernismo

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  6. Eronilde Lima de Santana Silva - Ótimo o desenvolvimento do trabalho para agrega a ele, relato que O introdutor do Romantismo em Portugal é Almeida Garrett, essa nova escola dominará até a década de 60.
    Conforme se sucederam as gerações dos autores o Romantismo foi evoluindo, isso se deu em três momentos:

    * Primeira geração romântica portuguesa

    - Sobrevivência de características neoclássicas;
    - Nacionalismo;
    - Historicismo, medievalismo.

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