quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Classicismo




1.O Classicismo surgiu no auge do Movimento Renascentista, estimulado pelo poder econômico que se concentrava em Portugal. Elaborado durante o período áureo da Renascença na Itália, adotou como modelos os textos gregos e latinos. Suas características são: racionalismo, universalismo, nacionalismo. Suas formas de inspiração clássica foram os 'Sonetos', de Luís Vaz de Camões. Diante desses fatos, desenvolva uma dissertação expondo sua posição sobre a influência de Luís Vaz de Camões no período classicista.
2. Para os clássicos, a obra de arte prende-se a uma realidade idealizada; uma concepção artística transcendente, baseada no Bem, no Belo, no Verdadeiro - valores passíveis de imitação. A função do artista é a de criar a realidade circundante naquilo que ela tem de universal. . Diante desses fatos, desenvolva uma dissertação argumentativa sobre o tema:Universalismo no período classicista.


3. Preocupados com o equilíbrio e a harmonia de seus textos, os autores clássicos adotam a chamada medida nova para os poemas: versos decassílabos e uso freqüente de sonetos (anteriormente chamava-se a medida velha: redondilhas). A rima e a métrica atendem a esse ideal de perfeição, sendo cuidadosamente elaboradas pelos autores clássicos. Diante desses fatos desenvolva uma dissertação sobre A PERFEIÇÃO FORMAL no período clássico.
4. Dois movimentos religiosos que marcaram o século XVI tiveram grande repercussão social e cultural: a Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero (1483-1546); e a Contra-Reforma, movimento de reação da Igreja Romana,tendo em vista estes dois movimentos elabore um texto argumentativo sobre a influência da igreja no período clássico.
5. O marco inicial do Classicismo português é em 1527, quando se dá o retorno do escritor Sá de Miranda de uma viagem feita à Itália, de onde trouxe as idéias de renovação literária e as novas formas de composição poética, como o soneto. O período encerra em 1580, ano da morte de Luís Vaz de Camões e do domínio espanhol sobre Portugal.Diante desse fatos elabore um texto argumentativo sobre o “Classicismo”.
6.Como tema para o seu poema épico, Luís de Camões escolheu a história de Portugal, intenção explicitada no título do poema: Os lusíadas. O cerne da ação desenvolve-se em torno da viagem de Vasco da Gama às Índias. A palavra “lusíada” é um neologismo inventado por André de Resende para designar os portugueses como descendentes de Luso (filho ou companheiro do deus Baco). Diante desses fatos desenvolva uma dissertação sobre A Poesia Épica de Camões,expondo nela alguns trechos de sua maior obra.
7. O período histórico da Era Clássica envolve a queda do feudalismo, a expansão marítima e o desenvolvimento do capitalismo. Esse período perdura até que uma nova configuração política, econômica e social se estabeleça com a chegada das Revoluções Industrial e Francesa. A Era Clássica enfatiza a poesia, a mitologia; os autores clássicos, como Homero, Virgílio e Horácio; a exaltação da vida no campo e o bucolismo.
Com base nas informações acima elabore um texto dissertativo que contemple o período histórico da era clássica.


8. Para produzirmos um texto é necessário que conheçamos o assunto que será explorado. Mesmo que seja a partir de uma notícia de jornal, um documentário ou uma imagem, pois é a partir de tais dados que produziremos.
Quando exploramos a ficção é importante que nossa obra seja verossímil, dando ao leitor a ideia de verdade, aproximando-o da nossa realidade.
Para construir uma narração que faça sentido ao leitor, todos os seus elementos (enredo, narrador, personagem, tempo e espaço) precisam compor um ‘todo verdadeiro’.
É através da verossimilhança, da aproximação da realidade, que o texto se fará real.
Sendo a verossimilhança uma das características do classicismo, elabore um texto dissertativo argumentativo, que contemple a sua importância no período clássico.
9. O Fusionismo correspondia à fusão, à união da mitologia pagã com seus vários deuses e ninfas - com a tradição cristã. A fusão do racionalismo e paganismo com a tradição judaico-cristã levou Camões a harmonizar divindades da mitologia pagã com personagens bíblicas do Antigo e Novo Testamento. Agora depois da leitura dessa passagem sobre o fusionismo no classicismo, elabore um texto argumentativo sobre a influência e/ou as conseqüências do fusionismo no período clássico.
10. O Classicismo é o nome que se dá à literatura produzida durante a vigência do Renascimento (século XVI). As pessoas enxergavam a obra de arte como forma de manifestação de beleza e harmonia, pois estavam dispostos a resgatar a cultura clássica, esse interesse vinha desde o final do século XIII, na Itália, onde os humanistas (escritores e intelectuais), liam e traduziam autores latinos e gregos. A partir da leitura deste trecho,elabore um  texto argumentativo sobre o período clássico,que durou de 1527 a 1580.



 Referências Bibliográficas


http://ricardomees.blogspot.com.br/2012/09/classicismo-em-portugal.html


Acadêmicos:
David de Oliveira  Souza
Leandro da Costa 
Sidneia Miato 
Tainali Alves 
Patrícia Lopes

Os tipos sociais que poderiam aparecer na peça de Gil Vicente


Introdução
Sabemos quão Gil Vicente escrevia centrado em que acreditava, e defendia os seus pensamentos sem medo das cíticas da época. O Alto da Barca do Inferno é uma obra que não nos remete somente aquele momento da história, mas que realizando a leitura podemos notar que podemos realacionar vários acontecimentos atuais com os narrados por ele no livro.

Atualidade com Gil Vicente
Primeiramente a certeza que temos é que Gil Vicente colocaria em suas obras os políticos, que em suma são a maioria corrupta. Ulitizam dos meios públicos para privilégios próprios, deixando a população esquecida, lembram mais de sua luxuria (do mesmo modo que o frade) e avareza (nos remetendo ao agiota), também roubam sem nenhuma consideração pelos mais pobres, os que passam necessidade, os pagadores de seus impostos, da mesma maneira com que o sapateiro fazia com os seus clientes.
Outro assunto de muita importância que ele abordaria seria a morte de bandidos, traficantes. Este seria, pois um dos personagens mesmo morrendo enforcado não fora suficiente para salvar sua alma. Tanto para o diabo, quanto para o anjo o que realmente importa é a vida terrena e não o arrependimento na ancia de sua morte. É necessário frisar que muitos tiveram esta postura de achar que seria salvo após a morte perante o arrependimento, pois a igreja católica pregava isso em suas omílias.
Relevante também seria a vida que muitos que se dizem católicos e seguidores de Cristo levam. De uma forma geral sem fazer especifícações de realigiões, podemos falar que muitos casam e vive uma vida de traições, somente continuam juntos para manterem as aparências. Da mesma maneira que muitos padres se “escondem atrás de suas batinas”, transformando algo sagrado em pura mentira, uma farsa, para possuir seguidores fiéis.
A abordagem do tema pedofilia tomaria um tempo precioso da sua obra, já que se destaca o mal que essas pessoas cometem contra seres tão inocentes, em que se tornam barbárias que não queremos acreditar, pois é feita de forma tão cruel, que até mesmo o perdão depois da morte seria muito difícil, até mais do que roubar, pois é um pecado mortal principalmente para os católicos.
Um tema de muita importância que vem preocupando muito e que poderia ser alvo de Gil Vicente seria o trânsito que vem causando muitos acidentes e relacionado diretamente a isso está à morte, tanto de inocentes, vítimas de motoristas irresponsáveis que bebem antes de dirigir, ou mesmo abusam da velocidade, quanto desses infratores que não medem a consquência de suas atitudes, colocando em risco a vida de terceiros.
Observando um pouco mais, outro assunto também de sua escolha seria a violência contra a mulher. Esse inteiramente ligado com a defazagem da instituição família, a falta de vivência na religião, o esquecimento que há de seguir os princípios de Deus. E juntamente estariam também as violências familiares, pais matando filhos, filhos mantando pais e irmãos, seja por causa de herança (ganância), seja por raiva, controle da droga, absurdos que acontecem diariamente no mundo, que nos deixam espantados e nos perguntando até onde tudo isso vai chegar.
Ainda podemos falar sobre os maus tratos que existe contra os nossos idosos. A falta de consideração que os filhos têm em relação aos que dedicaram suas vidas e quando já não podendo fazer muito mais, no momento que os filhos deveriam retribuir, eles esquecem e o menos grave que fazem é mandar para um asilo. Muitos chegam até a agredir, deixar em estado lamentável, esquecidos em um “canto da casa”, falando injúrias, os maltratando plenamente.

Considerações finais
Fazendo uma análise geral, Gil Vicente seria um contemporâneo muito crítico, que seria uma dos grandes denunciantes das crises existentes em nossa sociedade. Principalmente da miséria que existe por causa da falta de comprometimento dos nossos governantes. Desta forma já até imaginamos qual seria a barca mais repleta de almas e como seria a conversa entre o diabo e as pessoas condenadas, ou melhor, a apelação dessas para não irem para o inferno.



Referências

VICENTE, Gil. O Alto da Barca do Inferno. Hedra Ltda. São Paulo, 2006.
Acadêmicos:
David de Oliveira  Souza
Leandro da Costa 
Sidneia Miato 
Tainali Alves 
Patrícia Lopes  

GIL VICENTE - Diego Sanches Silva/Erica Rohrer Nacfur Francé

Se Gil Vicente fosse nosso contemporâneo, quais seriam os tipos sociais que poderiam aparecer em suas peças?

              A principal figura social seria o político, pois que neste século é a figura que mais se destaca no que se refere á corrupção. Na religião, se destacariam os padres pedófilos, os pastores capitalistas e os fiéis pervertidos.
            Os políticos dividir-se-iam na corte dos partidos, distribuídos entre vereadores, deputados, senadores e até mesmo o presidente da República, que não se safaria. E desta classe social ainda pode- se incluir àqueles que estão à frente de ONGS, cujo intuito fictício seria o bem estar social ou a aproximação do homem de Deus, mas que muitas vezes, na verdade, estão interessados em arrecadar dinheiro e conseguir status para uma futura eleição.
             Na religião, haveria vários perfis. Nos padres, encontrar-se-iam, todos, adoradores de imagens, acostumados aos confortos da carne e obtusos quanto aos ensinamentos bíblicos. Além daqueles que tornaram hábito, satisfazer-se da inocência da criança para um bem que a si mesmo privou ao fazer o voto da castidade.
            Nos pastores, haveria, principalmente, os adoradores de dinheiro e dos confortos que este pode trazer tornando-se muitas vezes enganadores e persuasivos para aquilo que lhes convém, em detrimento do que deveria ser ensinado para o bem e a salvação da humanidade.
            E sobre os “fiéis“ pervertidos encontram-se vários tipos. O que diz que crê em Deus e pratica todo tipo de insanidade: Rouba, e pede proteção a Deus. Mata, e agradece a Deus, mente e sente-se aliviado por ter sido “protegido” por Deus, entre outras situações. Para este tipo de fiel, todo bem e todo mal, justifica- se no discurso sobre Deus.
            Outro modelo típico da sociedade contemporânea, que fariam parte de suas peças seria o homem moderno, que vive absorto na correria cotidiana. Não possui tempo para orar, apenas trabalha e estuda o tempo todo sem parar. Na busca incessante, não se sabe ao certo de quê. Às vezes de um cargo, outras vezes de um carro, uma casa, faculdade... O homem do século XXI ainda não encontrou tempo para Deus em sua correia contínua para alcançar o vento. Este, com certeza, também estaria presente nos autos de Gil Vicente.
             Portanto, pessoas desonestas, falsas, corruptas e tementes a Deus sempre existiram e vão existir, já que os personagens da época de Gil Vicente seriam os mesmos dos de hoje, pois ainda existem pessoas alheias a vontade de Deus.
           As novidades seriam os homossexuais, as mulheres infiéis, os pedófilos, os assassinos, os adolescentes drogados, os políticos corruptos, a mulher que trabalha fora e busca seu próprio sustento,dentre outros que estão na nossa sociedade atual, que se fossem contados dariam uma lista enorme.
 Referencia

Classicismo

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 A era clássica.
Na era clássica, que vai do século XVI ao XVIII, Portugal estava dividida, de um lado ainda tinha “rastros” da era medieval, e de outro um país renovado por causa das grandes navegações.
Através das novas descobertas, que contribuiram na área de matemática, astronomia e da medicina. Foi introduzida a escola literária do Classicismo em Portugal.
O primeiro período clássico transcorreu com o Renascimento, movimento que além das obras literárias, também continham todos os tipos de artes. Neste período o poeta Dante Alighieri (1265-1321), autor da Divina Comédia, introduziu o verso decassílabo, também chamado de “medida nova”. O poeta Francesco Petrarca (1304-1374) influenciou vários poetas europeus, dentre esses o inglês William Shakespeare e os portugueses Luís Vaz de Camões e Sá de Miranda. Isso porque Francesco criou o soneto.

 Reformas no reinado de D. JOÃOIII.
Durante o período que D.JOÃOIII reinou, isto é, de 1521 a 1557, aconteceu várias reformas. Drente essas está a adptação da Universidade de Coimbra, absorvendo o Renascimento italiano (volta de Sá de Miranda da Itália). Tmabém teve a fundação do Colégio das artes, em Coimbra, em que começaram a oferecer cursos de latim, do grego, do hebraico e de filosofia.
Vários foram os fatores que levaram a tais transformações, dentre eles a crise religiosa (era a época da Reforma Protestante, liderada por Lutero), as grandes navegações (onde o homem foi além dos limites da sua terra) e a invenção da Imprensa  que contribuiu muito para a divulgação das obras de vários autores gregos e latinos (cultura clássica) proporcionando mais conhecimento para todos.

Características do Classicismo.
·         Racionalismo.
A razão predomina. Isso não significa que os artistas deixassem de confessar seus sentimentos e emoções, mas essa confissão era controlada pela razão.
·         Universalismo.
O predomínio da razão levam os artistas a se preocuparem com fatos e ideias relacionadas a verdades.
·         Perfeição formal.
Como já foi citado, foi introduzida a nova medida (versos decassílabos) que convivia com a medida velha.
·         Presença da mitologia.
Como ocorreu um cultivo dos valores greco-latinos, os poetas buscavam a inpiração da mitologia. Pode-se notar a presença de pastores, deuses, deusas e ninfas nas obras.
·         Introdução do soneto.
Também chamado de “o doce estilo novo”. Como já foi feito observação anteriormente o soneto foi criado por Francesco Petrarca (1304-1374), sendo composto por dois quartetos e dois tercetos.
·         Introdução da oitava rima (estrofe de oito versos comas rimas ABABABCC).

  Principais autores do Classicismo.
Antônio Ferreira (1528-1569).
Sá de Miranda (1481-1558).
Bernardim Ribeiro (1482-1552).
Luís Vaz de Camões (1525-1580), o autor que mais se destacou nesta escola literária e um dos maiores autores da literatura portuguesa.

 Luís Vaz de Camões.

Camões é considerado um dos maiores poetas portugueses. Pouco se sabe a seu respeito, por isso existem hipóteses sobre sua vida. Acredita-se que ele nasceu em lisboa, que recebeu uma educação nos moldes clássicos e que estudou na Universidade de Coimbra. Teve vários relacionamentos e por conta de um amor frustado, foi para África, alistado como militar, onde perdeu um olho em batalha. Depois de sua volta, foi preso inúmeras vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e provávelmente escreveu a sua obra mais famosa neste período, Os Lusíadas.
A produção de Camões divide-se em très gêneros: o lírico, o épico e o teatral.
Camões no final de sua vida tinha dificuldade em se manter. A participação na corte e a pensão que recebia de D.JOÃOIII, não era suficiente, terminou na miséria.

Trecho de Os Lusíadas.

Luís Vaz de Camões
As armas e os barões assinalados

 As armas e os barões assinalados 
Que, da Ocidental praia Lusitana, 
Por mares nunca de antes navegados 
Passaram ainda além da Taprobana 
E em perigos e guerras esforçados 
Mais do que prometia a força humana, 
E entre gente remota edificaram 
Novo Reino, que tanto sublimaram; 
  
E também as memórias gloriosas 
Daqueles Reis que foram dilatando 
A Fé, o Império, e as terras viciosas 
De África e de Ásia andaram devastando, 
E aqueles que por obras valerosas 
Se vão da lei da Morte libertando: 
Cantando espalharei por toda parte, 
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 
  
Cessem do sábio Grego e do Troiano 
As navegações grandes que fizeram; 
Cale-se de Alexandro e de Trajano 
A fama das vitórias que tiveram; 
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, 
A quem Neptuno e Marte obedeceram. 
Cesse tudo o que a Musa antiga canta, 
Que outro valor mais alto se alevanta.
...

 Análise do trecho de Os Lusíadas.
Através da leitura realizada deste trecho de Os Lusíadas podemos perceber a grandiosidade da obra, por isso é considerada a mais importante epopeia em língua portuguesa.
Os Lusíadas além dessas três estrofes são compostos por dez cantos, divididos em 1.102 estrofes regulares de oito versos cada uma, totalizando 8.816 versos. Os versos com podemos notar são decassílabos, com esquema de rimas ABABABCC. Dentre outras características do Classicismo também têm a mitologia, o uso da racionalidade.
Os versos apresentam uma organização e está se faz da seguinte maneira:
Proposição do assunto (canto 1 a 3);
Invocação às Tágides, musas do rio Tejo (canto 1, estrofes 4 e 5);
Dedicatória a D.Sebastião (canto1, estrofes 6 a 18);
Narração da viagem de Vasco da Gama (estrofes 19 do canto 1 a 1045 do canto 10);
Epílogo, contendo um fecho dramático a respeito da cobiça e o episódio da ilha dos amores (estrofes 1046 a 1102).
Após essas observações podemos concluir quão grande é a obra de Camões, como Os Lusíadas representa a perfeição formal.

Análise do poema “Alma minha gentil, que te partiste”.

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta sida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cd me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou
                        Luís de Camões.

Primeirante notamos a utilização do soneto. E quando começamos a realizar a leitura comecamos a perceber que mesmo com a dor de perder sua amada, ele não demonstra o sofrimento exagerado que os românticos passam, mas sim a emoção limitada pela razão.

 Francisco Sá de Miranda.

Sá de Miranda nasceu em Coimbra, quando o rei D.JoãoII deixou o trono. Da mesma maneira que pouco se sabe de Camões (sua vida), sobre Sá de Miranda também se sabe pouco de sua infância, ou melhor, são hipóteses.
Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito.
Durante sua vida conheceu Bernadim Ribeiro (1482-1552) como já foi falado anteriormente um poeta também, no qual teve como seu grande amigo.
Sá de Miranda que introduziu a “nova medida”, todavia suas obras não foram tão reconhecidas como as de Camões.

 Análise de dois poemas de Sá de Miranda.
COMIGO ME DESAVIM

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.

Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?

O SOL É GRANDE

O sol é grande: caem co'a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!

Diante dos dois poemas podemos notar que Sá de Miranda utliza de paralelismo "Não posso viver comigo / Nem posso fugir de mim". Também é importante recordar que ao mesmo tempo em que a “medida nova” era implantada a “medida velha” ainda era utilizada, podemos observar nesta análise que  o primeiro poema foi escrita com a “medida velha” e o segundo poema com versos decassílabos e também que neste consta mais a racionalidade.
 Referêcias

CAMPEDELLII,Samira Youssef. SOUZA, Jésus Barbosa. Literaturas brasileira e portuguesa. 2ed. São Paulo. Saraiva. 2009.

WWW.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet065.htm

Acadêmicos:
      
Acadêmicos:
David de Oliveira  Souza
Leandro da Costa 
Sidneia Miato 
Tainali Alves 
Patrícia Lopes  

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Se Gil Vicente fosse nosso contemporâneo...Elaine,Evellyn,Jessica,Jackeline,Karina e Cintia.

Se Gil Vicente fosse nosso contemporâneo, quais seriam os tipos sociais que poderiam aparecer em sua peça?
       O Auto da Barca do Inferno foi escrito por Gil Vicente, nesta obra, duas personagens antagônicas, recebem para viagens com destinos diferentes, passageiros distintos. Os destinos são o Céu e o Inferno e a viagem, é a recompensa pela vida terrena de cada uma das personagens. Os vícios comuns da sociedade são mostrados de forma direta pelo autor, sem, no entanto, amenizar o tom irônico e humorístico do conjunto da obra. Deste modo, temos as seguintes personagens analisadas aqui, todas almejando o Céu por não carregarem culpa por seus atos quando em vida, entretanto, poucos embarcarão rumo ao paraíso. Colocados no auto foram as classes sociais de sua época, agora se tivesse sido escrito no século xxI, Seria mais ou menos assim:
            O Fidalgo necessariamente seria substituído por um político ou um grande empresário, que geralmente agem de forma tirânica, oprimindo os mais fracos, alem de ter voz ativa e ser argumentador.
           Já o Onzeneiro poderia ser representado pelos Banqueiros e financeiras da atualidade, porque assim como o primeiro, eles cobram juros altíssimos, enriquecem com ganância e com usura.
         O Parvo com sua ingenuidade e humildade é difícil de encontrar, no entanto poderia ser representado como um homem do campo humilde de classe baixa, ou por aqueles que não têm muita instrução e foram abandonados, sendo facilmente enganados, como por exemplo, crianças e idosos carentes, pois normalmente possuem um bom coração.
          Do tipo Sapateiro tem com abundância, a maioria dos comerciantes do mundo contemporâneo, possuem atitudes exploradoras, com cargas horárias injustas, salários reduzidos e normas que só beneficiam eles mesmos.
         O Frade também tem sido comum, são os falsos padres e pastores, os quais impõem julgo pesado para discípulos, mas não conseguem colocar em prática nem sequer conceitos básicos, cometendo pedofilia, adultério, roubo e muitas outras atitudes incompatíveis com sacerdotes.
          A Alcoviteira poderia ser representada por diversas pessoas que vendem crianças para prostituição ou até mesmo as próprias prostitutas.
             O Judeu, na época de Gil Vicente, representava rejeição à fé cristã. Atualmente, existem pessoas que não professam fé alguma (Ateus) e, além disso, critica aqueles que professam.
           O corregedor e procurador poderiam aparecer na peça como advogado ou juiz, pois na maioria das vezes manipulam a justiça em beneficio próprio.
       Por fim, os quatro cavaleiros poderiam ser representados por verdadeiros missionários cristãos que dão suas vidas para propagar a palavra de Deus por todo o mundo.


domingo, 10 de novembro de 2013

Romantismo em Portugal - Diego Sanches Silva/Erica Rohrer Nacfur Francé

Acadêmicos: Diego Sanches Silva/Erica Rohrer Nacfur Francé

Romantismo em Portugal

As novas ideologias políticas, econômicas e sociais, vieram intervir na sociedade do século XIII. A influência das revoluções francesa e industrial e do pensamento liberal se deu em todos os campos, e a própria literatura mostra essas influências. A liberdade sobrepuja as regras, a razão predomina sobre a emoção. O romantismo instaura-se um novo modo de expressão em toda a Europa e, consequentemente em Portugal.
O Romantismo, designa uma tendência geral da vida e da arte, um certo momento delimitado. O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude emotiva, subjetiva, diante das coisas. Afinal, o pensamento romântico vai muito além do que podemos ver; procura desvendar o que estamos sentindo. O Romantismo não conta, faz de conta, idealiza um universo melhor, defendendo a ideia da expressão do eu-lírico, onde prevalece o tom melancólico, falando de solidão e nostalgia.
Enfim, o ideal romântico, tenta colocar o universo que presenciamos, de forma subjetiva, sendo que a expressão do sentimentalismo não precisa obedecer a nenhuma regra, antes adorada pelos clássicos.

   ü   Introdução do Romantismo em Portugal

O advento do Romantismo em Portugal, vem apenas confirmar a diluição do Arcadismo.
Portugal, é reflexo dos dois acontecimentos que marcaram e mudaram a face da Europa na segunda metade do século XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, responsáveis pela abolição da monarquias aristocratas e pela introdução da burguesia que então, dominara a vida política, econômica e social da época. A luta pelo trono em Portugal, se dá com veemência, gerando conturbação e desordem interna na nação.
Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês, envolve-se com o teatro de William Shakespeare.
Em 1825, Garrett publica a narrativa Camões, inspirando-se na epopeia Os Lusíadas. A narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Camões.
Este poema é considerado introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar características que viriam se firmar no espírito romântico: versos decassílabos brancos, vocabulário, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros literários.
Pintura do Romantismo Português
Zé Povinho - Pintura de Rafael Bordalo Pinheiro, Artista do Romantismo em Portugal

   ü   Características

O Romantismo foi encarado como uma nova maneira de se expressar, enfrentar os problemas da vida e do pensamento.
Esta escola, repudiava os clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total liberdade de criação, além de defender a "impureza" dos gêneros literários. Com o domínio burguês, ocorre a profissionalização do escritor, que recebe uma remuneração para produzir a obra, enquanto o público paga para consumi-la.
O escritor romântico projetava-se para dentro de si, tendo como fonte o eu-lírico, do qual fluía um diverso conteúdo sentimentalista e, muitas vezes, melancólico da vida, do amor e, às vezes, exageradamente, da própria morte. A introversão era característica essencialmente romântica.
A natureza, assim como a mulher são importantes pontos desse momento. O homem, idealizava a mulher como uma deusa, coisa divina e, com isso, retornava ao passado, no trovadorismo, onde as "madames" eram tão sonhadas e desejadas, mesmo que fossem inatingíveis.
Ao procurar a mulher de seus sonhos e, então, frustrar-se por não encontrá-la ou, muitas vezes, por encontrá-la e perdê-la, o romântico entrava em constante devaneio. Para amenizar a situação, ao escrever despojava todos os seus anseios, procurando fugir da realidade, usando do escapismo, onde, não raramente, tinha a natureza como confidente. Outra forma de escapismo utilizada, era o escapismo pela obscuridade, onde buscavam o bem-estar nos ambientes fúnebres e obscuros.
Essas frustrações tidas por amores ou simples desilusões com a vida, provocaram muitos suicídios. Daí a grande frequência dos temas de morte nos poemas românticos, o que caracteriza o mal-do-século.
Pintura do romantismo português
Retrato de senhora vestida de preto - António Ramalho

   ü   O primeiro momento do Romantismo

Como toda tendência nova, o Romantismo não veio implantar-se totalmente nos primeiros momentos em Portugal. Inicialmente, buscava-se gradativamente, apagar os modelos clássicos que ainda permeavam o meio socioeconômico. Os escritores dessa época, eram românticos em espírito, ideal e ação política e literária, mas ainda clássicos em muitos aspectos.

Ø  Almeida Garrett

Almeida Garrett, cultivou a oratória parlamentar, o pensamento pedagógico e doutrinário, o jornalismo, a poesia, a prosa de ficção e o teatro, o qual entrou em contato com o de Shakespeare quando em exílio na Inglaterra. Teve uma vida sentimental bastante atribulada em que se sobressai o seu romance adúltero com a viscondessa da Luz, a qual inspirou seus melhores poemas.
Na poesia, assimilou os moldes clássicos e morreu sem tornar-se romântico autêntico, pois carecia do egocentrismo tão almejado pelos românticos, deixando sua fantasia no teatro e na prosa de ficção. Escreveu Camões (1825), Dona Branca (1826), Folhas Caídas (1853), Viagens na minha terra (1846), dentre outras.

Ø  Alexandre Herculano

Herculano, exilou-se na Inglaterra e na França, criando polêmica com o clero, por participar da lutas liberais. Junto com Garrett, foi um intelectual que atuou bastante nos programas de reformas da vida portuguesa.
Na ficção de Alexandre Herculano, prevalece o caráter histórico dos enredos, voltados para a Idade Média, enfocando as origens de Portugal como nação. Além disso, ocorrem muitos temas de caráter religioso. Quanto à sua obra não ficcional, os críticos consideram que renovou a historiografia, uma vez que se baseia não mais em ações individuais, mas no conflito de classes sociais para explicar a dinâmica da história.
Sua obras principais são: A harpa do crente (1838), Eurico, o presbítero (1844), dentre outras.

Ø  Castilho

Castilho, tem como principal papel traduzir poetas clássicos. Sua passagem pelo Romantismo é discreta, mesmo que tenha sido o provocador da Questão Coimbrã.
A história de Castilho é a dum grande mal-entendido: graças à cegueira, que lhe dava um falso brilho de gênio à Milton, mais do que à sua poesia, alcançou injustamente ser venerado como mestre pelos românticos menores. Não obstante válida historicamente, sua poesia caiu em compreensível esquecimento.

   ü   O segundo momento do Romantismo

Neste momento, desfazem-se os enlaces arcádicos que ainda envolviam os escritores da época. Aqui, notamos com plena facilidade o domínio da estética e da ideologia romântica. Os escritores tomam atitudes extremas, transformando-se em românticos descabelados, caindo fatalmente no exagero, tendenciando temas soturnos e fúnebres, tudo expresso numa linguagem fácil e comunicativa.

Ø  Soares de Passos

Soares de Passos constitui a encarnação perfeita do "mal-do-século". Vivendo na própria carne os devaneios de que se nutria a fértil imaginação de tuberculoso, sua vida e sua obra espelham claramente o prazer romântico do escapismo das responsabilidades sociais da época, acabando por cair em extremo pessimismo, um incrível desalento derrotista
Obra: Poesias (1855)

Ø  Camilo Castelo Branco

Casou-se com uma jovem de 15 anos, a quem abandonou com uma filha; em seguida raptou outra moça, sua prima, e com ela passou a viver. Acusado de bigamia, foi preso. Sua primeira esposa morreu e, logo em seguida, a filha. Abandonou a prima e viveu amores passageiros com outra jovem e com uma freira. Uma crise religiosa levou-o a ingressar num seminário, do qual desistiu.
Conheceu Ana Plácido, senhora casada que seria o grande amor de sua vida. Ocorre sua primeira tentativa de suicidar-se, diante da impossibilidade de viver com ela. Mas, finalmente passaram a viver juntos o que lhes custou um processo por adultério. Ambos foram presos. Na prisão, Camilo escreveu Amor de Perdição. Absolvidos e morto o marido de Ana, se casaram. Alguns anos depois da morte de Ana, Camilo, vencido pela cegueira, acaba por suicidar-se.
Suas obras principais: Amor de salvação (1864), A queda dum anjo (1866), dentre outras.

   ü   O terceiro Momento do Romantismo

Acontece aqui, um tardio florescimento literário que corresponde ao terceiro momento do Romantismo, em fusão dos remanescentes do Ultra-Romantismo. Esse período é marcado pela presença de poetas, como João de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de Novais, Pinheiro Chagas e Júlio Dinis, que purificam até o extremo as características românticas.
Tomás Ribeiro mistura a influência de Castilho e de Victor Hugo, o que explica o caráter entre passadista e progressista da sua poesia.
Bulhão Pato começa ultra-romântico e evolui, através duma sátira às vezes cortante, para atitudes realistas e parnasianas.
Faustino Xavier de Novais dirigiu uma folha literária. Satirizou o Ultra-Romantismo.
Manuel Pinheiro Chagas cultivou a poesia de Castilho, que motivou a Questão Coimbrã; a historiografia e a crítica literária.

Ø  João de Deus

João de Deus foi apenas poesia. Lírico de incomum vibração interior, pôs-se à margem da falsa notoriedade e dos ruídos da vida literária e manteve-se fiel até o fim a um desígnio estético e humano que lhe transcendia a vontade e a vaidade. Contemplativo por excelência, sua poesia é a dum "exilado" na terra a mirar coisas vagas e por vezes a se deixar estimular concretamente.

Ø  Júlio Dinis

Os poemas de Júlio Dinis armam-se sobre uma tese moral e teleológica, na medida em que pressupõem uma melhoria, embora remota, para a espécie humana, frontalmente contrária à desesperação e ao amoralismo cético dos ultra-românticos, numa linguagem coerente, lírica e de imediata comunicabilidade. Conduz suas histórias, sempre a um epílogo feliz, não considerando a heroína como "mulher demônio", mas sim como "mulher anjo".
Sua principal obra: As pupilas do senhor reitor

Conclusão

Compreendemos que o Romantismo, não passou de uma forma de repudiar as regras que contornavam e preenchiam o campo literário da época que, juntamente com a ideologia vigente, traziam um enorme descontentamento. Este momento em que a literatura presenciava, talvez fosse, o marco principal para a definitiva liberdade de expressão do pensamento, que viria se firma, tardiamente com o Modernismo.















ANALISE LITERARIA
A BARCA BELA (ALMEIDA GARRETT)
Pescador da barca bela,      
Onde vais pescar com ela.  
Que é tão bela,        
Oh pescador?          

Não vês que a última estrela          
No céu nublado se vela?    
Colhe a vela,           
Oh pescador!          

Deita o lanço com cautela, 
Que a sereia canta bela...    
Mas cautela,
Oh pescador!          

Não se enrede a rede nela, 
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la, 
Oh pescador.          

Pescador da barca bela,      
Inda é tempo, foge dela,    
Foge dela    
Oh pescador!          


Analise da obra     

O poema barca bela é composto de cinco estrofes, ele demonstra desejo, concepção da beleza, com uma linguagem mais simples e popular, os versos melodiosos, os sentimentos mais espontâneos. É um poema que fala de si próprio, refere-se a ele mesmo, há uma metalinguagem, que traz em seu contexto o romantismo. Na primeira estrofe o poeta monta seu cenário e inicia sua conversa com seu interlocutor. O eu-lírico dirige-se ao pescador, ou seja, o poeta fala consigo mesmo. Na segunda estrofe o poeta cria um ambiente para sua encenação estabelecendo a escuridão do céu nublado no qual a última estrela se esconde. A escuridão da noite é típica do romantismo, ocorrendo o desenrolar dos sonhos, uma imaginação sem limite. Ao pescador, que antes navegava com uma direção estabelecida, guiada pela vela, o eu-lírico recomenda que colha a vela ficando, portanto, à deriva. Bastante triste com a realidade ao seu redor, em conflito com a sociedade e dilacerado pelos seus dilemas íntimos, o romântico procura fugir no espaço , no tempo, no sonho e no fantástico. Na terceira estrofe quando introduz a imagem do canto da sereia. O poeta romântico busca a ascensão da voz misteriosa da sereia, que é a própria poesia. Na quarta estrofe o poeta explica porque o pescador deve ter cuidado ao se aproximar da sereia. Por um deslize ou descuido, o pescador poderia embaraçar sua rede nela, e estaria acabado. Na quinta e última estrofe o poeta parece querer impedir o pescador/poeta de deixar-se levar pelo encantamento da sereia, mas essa tentativa parece vazia. A repetição da ordem “foge dela, /Foge dela” cria uma ordem que não deve ser cumprida, sua repetição deixa clara a negação da ordem. A vontade de se render e se entregar, apesar dos riscos, sobrepõem-se ao medo da perdição.


ESTE INFERNO DE AMAR (ALMEIDA GARRETT)
Este inferno de amar - como eu amo!        
Quem mo pôs aqui na alma...quem foi?     
Esta chama que alenta e consome, 
que é a vida - e que a vida destrói 
Como é que se veio atear,  
Quando - ai quando se há-de ela apagar?  

Eu não sei, não me lembra; o passado,      
A outra vida que dantes vivi          
Era um sonho talvez...-foi um sonho         
Em que paz tão serena dormi!        
Oh! Que doce era aquele sonhar    
...quem me veio, ai de mim! Despertar?    

Só me lembra que um dia formoso
eu passei... dava o Sol tanta luz!    
E os meus olhos, que vagos airavam,         
em seus olhos ardentes os pus,       
que fez ela? Eu que fiz? Não no sei,mas nessa hora a viver comecei...    


Análise da obra     


É composto de três estrofes de seis versos,chamado de sextilhas.Um poema marcado por sentimentos românticos:desejo,remorso,sofrimento,saudade,cultuando as razões do coração do coraçaõ,uma vida tragica,frustação amorosa,melancolia e solidão. Ele foi escrito em primeira pessoa,onde o “eu” mostra-se de uma forma disinibida e sincera,um “eu” torturado pela descoberta de que amar é um inferno,deixa claro a sua desilução amorosa,uma contradição,criando oposições para definir seu inferno: Chama que alenta e consome Atiar/apagar Sonhar/despertar. A pessoa ou objeto desse amor tão ardente que preocupa e atormenta: ”Que faz ela?”.Tudo gira em torno de si mesmo,ao redor do seu “eu lirico”.

EURICO, O PRESBITERO (ALEXANDRE HERCULANO)
No tempo em que a Península Ibérica foi invadida pelos mouros, ano 711 a.C., um presbítero godo, chamado Eurico, era muito prestigiado pelas canções e pelos poemas que escrevia. Eurico, que abraçara o sacerdócio sem ter vocação para tal, era diretamente inspirado pelo amor que ainda nutria por Hermengarda, cujo pai impedira o casamento dos namorados.      
Eurico entra para o convento no ano da avassalante invasão árabe. Quando a luta entre árabes e visigodos se torna acirrada, Eurico abandona o hábito e pega em armas para defender as terras da Espanha. Ele se transforma no Cavaleiro Negro e os seus feitos passam a correr de boca em boca.         
Enquanto Pelágio prepara a defesa das Astúrias, sua irmã Hemengarda é raptada. É o próprio Eurico quem salvará sua amada, disfarçado de Cavaleiro Negro. Consegue fazê-la escapar da mão dos sarracenos e a leva para a Gruta de Covadonga, onde renasce o antigo amor, que agora esbarrou com um obstáculo intransponível: o juramento do sacerdote Eurico, que deve manter o celibato clerical.
Os amantes resolvem separar-se. O cavaleiro se lança em sucessivas investidas contra os árabes, em atitude suicida, que o leva à morte. Hermengarda, inconformada com a perda, enlouquece.     
Alguns trechos do romance os lances românticos e trágicos do amor impossível, da luta entre árabes e visigodos.    
(...)
Em frente da tosca ponte de pedras brutas lançadas sobre o rio, uma senda estreita e tortuosa atravessava a selva e, passando pela clareira, continuava por meio dos outeiros vizinhos, dirigindo-se, nas suas mil voltas, para as bandas da Galécia. Quatro cavaleiros, a pé e em fio, caminhavam por aquele apertado carreiro. Pelos trajos e armas, conhecia-se que eram três cristãos e um sarraceno. Chegados à clareira, este parou de repente e, voltando-se com aspecto carregando para um dos três, disse-lhe:        
_ Nazareno, ofereceste-nos a salvação, se te seguíssemos: fiamo-nos em ti, porque não precisavas de trair-nos. Estávamos nas mãos dos soldados de Pelágio, e foi a um aceno teu que eles cessaram de perseguir-nos. Porém o silêncio tenaz que tens guardado gera em mim graves suspeitas. Quem és tu? Cumpre que sejas sincero, como nós. Sabes que tens diante de ti Muguite, o Amir da cavalaria árabe, Juliano, o conde de Septum, e Opas, o bispo de Hispalis.        
_ Sabia-o _ respondeu o cavaleiro: _ por isso vos trouxe aqui. Queres saber quem sou? Um soldado e um sacerdote de Cristo!
_Aqui!?... _ atalhou o Amir, levando a mão ao punho da espada e lançando os olhos em roda. _ Para que fim? 
_ A ti, que não eras nosso irmão pelo berço; que tens combatido lealmente conosco, inimigos da tua fé; a ti, que nos oprimes, porque nos venceste com esforço e à luz do dia, foi para te ensinar um caminho que te conduza em salvo às tendas dos teus soldados. É por ali!... A estes, que venderam a terra da pátria, que cuspiram no altar do seu Deus, sem ousarem francamente renegá-lo, que ganharam nas trevas a vitória maldita da sua perfídia, é para lhes ensinar o caminho do inferno... Ide, miseráveis, segui-o!
E quase a um tempo dois pesados golpes de franquisque assinalaram profundamente os elmos de Opas e Juliano. No mesmo momento mais três reluziram.
Um contra três! _ Era um combate calado e temeroso. O cavaleiro da cruz parecia desprezar Muguite: os seus golpes retiniam só nas armaduras dos dois godos. Primeiro o velho Opas, depois Juliano caíram.        
Então, recuando, o guerreiro cristão exclamou:    
_ Meu Deus! Meu Deus! _ Possa o sangue do mártir remir o crime do presbítero!
E, largando o fraquisque levou as mãos ao capacete de bronze e arrojou-o para longe de si.
Muguite, cego de cólera, vibrara a espada: o crânio do seu adversário rangeu, e um jorro de sangue salpicou as faces do sarraceno.         
Como tomba o abeto solitário da encosta ao passar do furacão, assim o guerreiro misterioso do Críssus caía para não mais se erguer!...  
Nessa noite, quando Pelágio voltou à caverna, Hemengarda, deitada sobre o seu leito, parecia dormir. Cansado do combate e vendo-a tranqüila, o mancebo adormeceu, também, perto dela, sobre o duro pavimento da gruta. Ao romper da manhã, acordou ao som de cântico suavíssimo. Era sua irmã que cantava um dos hinos sagrados que muitas vezes ele ouvira entoar na catedral de Tárraco. Dizia-se que seu autor fora um presbítero da diocese de Híspalis, chamado Eurico.         
Quando Hermengarda acabou de cantar, ficou um momento pensando. Depois, repentinamente, soltou uma destas risadas que fazem eriçar os cabelos, tão tristes, soturnas e dolorosa são elas: tão completamente exprimem irremediável alienação de espírito.
A desgraçada tinha, de feito, enlouquecido.         


Análise da obra       


A obra de Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano faz intertextualidade com a Bíblia, Romeu e Julieta e com a guerra dos visigodos e árabes na Península Ibérica no século VIII.       
Estes poemas, em que palpitava a indignação e a dor de um ânimo generoso, eram o Gethsemani do poeta. (p. 28)         
Não eram assim os godos do oeste quando, ora arrastado por terras as águias romanas, ora segurando com seu braço de ferro o império que desabava, imperavam na Itália, nas Gálias e nas Espanhas, moderadores e árbitros entre o Setentrião e o Meio-dia.
Não eram assim, quando o velho Teodorico, semelhante ao urso feroz da montanha, combatia nos campos cataláunicos. (p. 32)


HINO À RAZÃO (ANTERO DE QUENTAL)

Razão, irmã do Amor e da justiça, 
Mais uma vez escuta a minha prece.          
È a voz dum coração que te apetece,         
Duma alma livre, só a ti submissa. 

Por ti é que a poeira movediça       
De astros e sóis e mundos permanece;       
E é por ti que a virtude prevalece; 
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações  
Buscam a liberdade, entre clarões; 
E os que olham o futuro e cismam, mudos,           

Por ti, podem sofrer e não se abatem,        
Mãe de filhos robustos, que combatem     
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!          


PEQUENA INTERPRETAÇÃO QUE ABORDE O INTERTEXTO   


O sujeito poético, em prece, se dirige a razão (sujeito anafórico Por ti) para:      

1. Compreender a existência e funcionamento do universo         
“Por ti é que a poeira movediça     
De astros e sóis e mundos permanece”      

2. Virtude e heroísmo só com o uso da razão        
“E é por ti que a virtude prevalece;
E a flor do heroísmo medra e viça.”          

3. Nações perseguidas, em meio a lutas, alcançaram a sua liberdade combatendo a tirania e a opressão        
“Por ti, na arena trágica, as nações 
Buscam a liberdade, entre clarões”

4. Em nome da razão, as lutas do presente não podem permitir que se desvaneça a sua esperança em relação ao futuro     
“Por ti, podem sofrer e não se abatem,      
Mãe de filhos robustos, que combatem”   


5. Por meio dos versículos 13 e 14 termina a exaltação por meio do apóstrofe mãe (a razão) de filhos robustos (todo o que combate em nome da razão)
“Mãe de filhos robustos, que combatem”...          

A abordagem do tema busca evoca a intertextualidade na particular influência do filósofo alemão Hegel que, segundo seus estudos, “todo conhecimento é conhecimento humano, e este não é concebido sem o uso da razão”
Referencia :