segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Cantigas Trovadorescas Primitivas - Grupo Sandra Vasconcelos

GRUPO DA SANDRA VASCONCELOS


Seleção de cantigas trovadorescas primitivas e música popular brasileira
O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado. 
Cantiga de Amigo – Martim Codax
Ondas do mar de Vigo,
Acaso vistes meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado
Acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo
Aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,
Por quem tenho grande cuidado (preocupado)?
Queira Deus que ele venha cedo!

Cantiga de Amigo Atual - Fico assim sem você
(Abdullah / Caca Moraes)
Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto falantes
Vão poder falar por mim...

To louco prá te ver chegar
To louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?

CANTIGA DE  ESCÁRNIO
·  Sátira direta.
·  Maledicência.
·  Uso de palavras obscenas ou de conteúdo erótico.
·  Citação nominal da pessoa satirizada.
João Garcia Guilhade
Ai, dona fea! Foste-vos queixar
que vos nunca louv'en meu trobar;
mas ora quero fazer um cantar
en que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Ai, dona fea! Se Deus me pardon!
pois avedes [a] tan gran coraçon
que vos eu loe, en esta razon
vos quero já loar toda via;
e vedes qual será a loaçon:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
en meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já un bon cantar farei,
en que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!

Cantigas de Maldizer (Dona Gigi – Os Caçadores)
Eu sou a Dona Gigi
Esse aqui é meu esposo
Esse aí é seu esposo?
É sim

Se me vê agarrado com ela
Separa, que é briga
Tá ligado?
Ela quer um carinho gostoso
Um bico, dois socos e três cruzados
Tava com pena levei ela pra casa
Porque nem de graça eu quero essa mulher
Caçadores  estão na pista pra dizer como ela é

Caolha, nariz de tomada,
Sem bunda, perneta,
Corpo de minhoca, banguela,
Orelhuda, tem unha encravada,
Com peito caído, um caroço nas costas.

I, gente capina, despenca
Cai fora, vai embora
Se não vai dançar,
Tremendo guerreiro bicho macedo,
Cumpadre querendo que parto pra sisar
Vaza!!!

Fede mais que um urubu, canhão
Vou falar bem curto e grosso contigo, hein!?
Já falei pra vazar!
Coisa igual nunca se viu,
Oi, vai pra pucha...
Tu é feia!

CANTIGAS DE MAL DIZER
Roi queimado morreu con amor                    
Em seus cantares por Sancta Maria              
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!..           (Pero  Garcia Burgales)
Cantigas de Amor (D. Dinis)
Quer’eu em maneira de proença!
fazer agora um cantar d’amor
e querrei muit’i loar lmia senhor
a que prez nem fremosura nom fal,
nem bondade; e mais vos direi ém:
tanto a fez Deus comprida de bem
que mais que todas las do mundo val.
Ca mia senhor quizo Deus fazer tal,
quando a faz, que a fez sabedord
e todo bem e de mui gram valor,
e com tod’est[o] é mui comunal
ali u deve; er deu-lhi bom sém,
e desi nom lhi fez pouco de bem
quando nom quis lh’outra
foss’igual
Ca mia senhor nunca Deus pôs mal,
mais pôs i prez e beldad’e loor
e falar mui bem, e riir melhor
que outra molher; desi é leal
muit’, e por esto nom sei oj’eu quem
possa compridamente no seu bem
falar, ca nom á, tra-lo seu bem, al.

Cantigas de Amor (Seu Jorge)




























To namorando aquela mina
Mas não sei se ela me namora
Mina maneira do condomínio
Lá do bairro onde eu moro(BIS)

Seu cabelo me alucina
Sua boca me devora
Sua voz me ilumina
Seu olhar me apavora
Me perdi no seu sorriso
Nem preciso me encontrar
Não me mostre o paraíso
Que se eu for, não vou voltar
Pois eu vou
Eu digo "oi" ela nem nada
Passa na minha calçada
Dou bom dia ela nem liga
Se ela chega eu paro tudo
Se ela passa eu fico todo
Se vem vindo eu faço figa
eu mando um beijo ela não pega
pisco olho ela se nega
Faço pose ela não vê
Jogo charme ela ignora
Chego junto ela sai fora
Eu escrevo ela não lê

Minha mina
Minha amiga
Minha namorada
Minha gata
Minha sina
Do meu condomínio
Minha musa
Minha vida
Minha Monalisa
Minha Vênus
Minha deusa
Quero seu fascínio(BIS)
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/trovadorismo/trovadorismo.php

Humanismo - SANDRA VASCONCELOS




HUMANISMO                                                                                              Humanismo,  em sua concepção clássica literária, é o movimento que exalta o ser humano em sua forma mais valorizada e plena.
   Surgiu entre a Idade Média e o Renascimento, e coincide com o início de uma nova classe social: A burguesia. 
   O Humanismo marca toda a transição de um Portugal caracterizado por valores puramente medievais para uma nova realidade mercantil, em que se percebe a ascensão dos ideais burgueses. A economia de subsistência feudal é substituída pelas atividades comerciais; inicia-se uma retomada da cultura clássica, esquecida durante a maior parte da Idade Média; ao lado do pensamento teocêntrico medieval, começa a surgir uma nova visão do mundo que coloca o homem como centro das atenções (antropocentrismo).
    O homem passa a ser mais valorizado com o início do humanismo  renascentista. A literatura mantém características religiosas, mas nela já se podem ver características que  serão desenvolvidas no Renascimento, como a retomada de ideais da cultura greco-romana. Na Itália, podemos destacar: Dante Alighieri  autor da Divina Comédia, Giovanni  Bocaccio e Francesco Petrarca. Em Portugal, destaca-se o teatro do poeta de Gil Vicente  autor de A Farsa de Inês Pereira.

O teatro foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período. Gil Vicente foi o nome que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças.
    Sua obra pode ser dividida em 2 blocos:
  •  Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião. “Auto da alma” e “Trilogia das barcas” são alguns exemplos. 
  •  Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano. “Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são alguns exemplos.
    A Poesia Palaciana, como próprio nome já diz, era poesia produzida no ambiente dos palácios, feita por nobres e destinada à corte. Ao contrário dos códices (manuscritos) trovadorescos, grande parte da produção poética desse período foi recolhida por Garcia Resende, no Cancioneiro Geral, formado por 880 composições, impresso em  1516.
    Fernão Lopes é a principal figura da prosa humanista, considerado o fundador da historiografia portuguesa. Sua importância se deve não só pelo aspecto histórico de sua produção, mas também pelo aspecto artístico de suas crônicas. Em sua crônicas, apesar de régiocêntricas, o povo aparece pela primeira vez com co-autor das mudanças históricas portuguesa. Entre suas características destacam-se: a imparcialidade, o registro documental, a criticidade e o nacionalismo. O Renascimento é, então, um período  marcado pelo culto do homem como super- homem.  Os poderes do calculo e do método estavam evidenciados, e toda uma parcela da população assumia o anti: anticlerical, antiescolástico, antiascético, mas nem por isso se tornaram incrédulos.  A igreja ainda detinha o poder sobre a cultura e suas realizações artísticas, mas, fora dela, alguns nomes que permaneceram na história foram pontos de construção do Renascimento.
    Giovanni  Boccaccio é um desses nomes.  Ao tomar  conhecimento de que velhos documentos e manuscritos antigos estavam sendo destruídos por monges nas bibliotecas, tomou providencias para lhes salvaguardar e devolveu-lhes a importância , o que origina o movimento do Renascimento. 




PAULA, Laura da Silveira. Teoria da Literatura. 2.ed. – Curitiba: ED. Ibpex. 2012.
 




ALUNA: SANDRA VASCONCELOS

Auto da Alma - SANDRA VASCONCELOS - NADYA FERREIRA - DANIELE LANZA



Auto da Alma

Considerado a mais notável produção do ciclo de moralidade e doutrinação religiosa, foi feito em homenagem à rainha D. Leonor e representado (a seu pedido) perante o rei D. Manuel, em Lisboa, nos Paços da Ribeira, em 1518. Todo o drama constitui uma alegoria da luta eterna entre o Mal e o Bem. As personagens que o constituem são: Alma, Anjo Custódio, Igreja, Sto. Agostinho, Sto. Ambrósio, S. Jerónimo, S. Tomás e dois diabos.
O autor mostra-nos a Alma humana, no decurso do seu peregrinar terreno, alternadamente submetida às solicitações do Diabo e do Anjo da Guarda. Assim, a alegoria serve para tratar o tema da redenção. Os textos litúrgicos cantados na última parte do auto confirmam o seu caráter de moralidade.
De acordo com o próprio autor, da mesma forma que são necessárias as estalagens para repouso e refeição dos caminhantes, é necessária a existência de uma estalajadeira para ajudar as almas que caminham desta vida para a outra (a morte) nos momentos de repouso e das refeições. Esta estalajadeiro é a Santa Madre Igreja que, auxiliada pelos seus quatro doutores (Sto. Agostinho, Sto. Ambrósio, S. Jerónimo e S. Tomás), serve à mesa as insígnias da paixão de Cristo. Trata-se de uma alegoria da Parábola do Samaritano que nos conta como o mundo é apenas uma passagem para a vida verdadeira e eterna.


O auto da Alma, composto por Gil Vicente e representado à corte em 1518, é uma peça de caráter religioso e moralista. O autor é considerado um inovador do que até então era chamado teatro litúrgico e sua versatilidade em relação aos temas, original.
Para tratarmos da construção Dramática da peça é mister que retomemos a concepção dada desde o teatro clássico que era dividido em tragédia e comédia, sendo a primeira de linguagem erudita e vocabulário elevado, altamente apreciado pelas classes cultas e o segundo com linguagem e personagens populares, há também o épico, que são narrativas utilizadas para narrar os feitos sublimes de um povo ou de uma personagem que os representem.
Quanto a estrutura teatral, o autor divide suas peças em épicas, que as vezes não tem um conflito , mas sim os germes do conflito, ou seja, não uma relação de causa e efeito entre os episódios, e a estrutura dramática, em que todos os personagens devem participar do conflito que é de profunda tensão do início ao fim da peça. Alguns autores preferem chamá-las de peças de enredo (dramáticas), aquelas que se desenvolvem uma estória de ação contínua, com começo meio e fim.
É o caso do auto da alma em que é criada uma situação de conflito, a alma que tem que voltar à sua unidade divina, porém aparecem interesses divergentes e as vontades contrárias se debatem, é o caso do diabo que a toda hora tenta seduzir a alma à se render às riquezas terrais e o anjo que a toda hora tem que voltar para dissuadir a alma das tentações do Diabo. Assim as ações dos personagens desencadeia uma relação tensa, que é representada por todas as paradas da alma pelo caminho para ouvir as tentações diabólicas, o que intriga o receptor se chegou a hora da alma render-se e entregar-se aos pecados. A resolução chega quando a alma e o anjo chegam em frente da estalajadeira (Madre Santa Igreja), e essa lhe absolve dos pecados por lágrimas e pelo sofrimento de Jesus para a redenção dos pecados. Este é um modelo típico de construção dramática que leva a tensão do início ao fim.
Em caráter de exemplo, veremos como se desenvolve a construção épica, ou como preferem outros autores denominar fragmentada ou descontinuada. É o caso de outra peça de Gil Vicente, “O auto da barca do inferno”, em que não há qualquer personagem que gere conflito e há uma sucessão de episódios mais ou menos idênticos e sem relação entre eles, a ação é constituída de uma única situação, variando somente os exemplos. O mundo é apresentado no seu espaço e variedade. A estrutura é chamada técnica de desfile. Nessa peça o conflito essencial já é resolvido desde o começo do auto. Organização: Professor Francisco Muriel
Para uma leitura inicial, interessam-nos neste momento os traços mais evidentes e exteriores do texto. Nesse auto vicentino, temos uma personagem-título, a Alma, que vive as duas grandes partes em que a moralidade se desenvolve. Num primeiro momento, a Alma percorre um caminho em companhia do Anjo Custódio que tenta levá-la adiante, em direção à Igreja (Estalajadeira), e por conseguinte a Deus, e também em companhia do Diabo, que disputa a Alma puxando-a para trás. Esse conflito se delineia entre o bem e o mal, entre o material e o transcendental e insere discussões sobre o livre-arbítrio, os valores afirmativos de otimismo, força de vontade e sobre os desejos humanos, permitindo ainda um diálogo com a parábola do Bom Samaritano, todos temas recorrentes no universo medieval.
Além da Alma, do Anjo Custódio e do Diabo, há ainda as personagens provenientes da tradição cristã, que representam a Igreja e seus doutores (Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Tomás e São Jerônimo), que aparecem durante a refeição mística que simboliza as estações da paixão de Cristo.
Tendo sido escrito para ser encenado numa quinta-feira santa, o Auto não poderia deixar de ter elementos religiosos, ensinamentos cristãos para quem o assiste ou
lê.

Gil Vicente nasceu em 1465, morreu em 1536, nacionalidade portuguesa, ocupação dramaturgo, poeta, casou-se com Branca Bezerra, teve dois filhos. Depois de enviuvar casou-se com Melícia Rodrigues, de quem teve três filhos. Presume-se que tenha estudado em Salamanca, Espanha.


 SANDRA VASCONCELOS - NADYA FERREIRA - DANIELE LANZA